NOTA: A criatura aqui apresentada é presente na heráldica medieval, sendo, portanto, uma criação baseada num símbolo. Infelizmente, em minha busca por imagens para compor o Bestiário Numiariano e ilustrar esta postagem, não encontrei a figura. As imagens aqui usadas apenas servem de ilustração, sem qualquer vínculo com a criatura apresentada.
Criaturas híbridas, potentes, cuspidoras de fogo e predadoras cruéis, os dracogrifos representam o ápice da cadeia alimentar, pois nem mesmo um dragão de grande porte ousa confrontá-los.
Quando um Roc se une a um dragão, nascem descendentes híbridos, chocados em ovos que medem até trinta centímetros de diâmetro e cinquenta de altura, num ninho com até quinze filhotes. Tendem a viver em pequenos bandos, em montanhas altas, nebulosas, ocultos em cavernas. Observa-se nesse habitat que os dracogrifos machos são poligâmicos, acasalando-se com cinco ou sete fêmeas em períodos de procriação. As fêmeas cuidam dos ovos, que se chocam em quatro meses, e dos filhotes até que estes aprendam a voar.
![]() |
Dragões costumam ser ariscos, temperamento herdado pelos dracogrifos. |
Um espécime desta raça mede de nove a quinze metros de comprimento, com uma cauda que costuma ter mais de um terço do tamanho do corpo, podendo dar ao exemplar assustadores vinte metros ou mais; o macho tende a ser maior e mais robusto do que a fêmea. A sua estrutura física lembra a de um grifo ou hipogrifo, porém em proporções gigantescas e dragontinas: a parte traseira se assemelha a de um dragão montanhês, com garras recurvas como a de uma ave de rapina, dorso com escamas salientes; cauda potente, com a forma de um chicote coberto por escamas sobressalentes, lentamente afinada até findar numa ponta com dois pares de esporas ósseas. A parte dianteira se assemelha a de uma ave de caça, ou de um Roc, tendência observada em grifos e afins, contudo mais reptiliana, com penas longas, plumagem pouco abundante, ora em coloração branca, preta ou acinzentada, ou prateada, nos machos, ora em tons azulados, esverdeados e arroxeadas, com traços de cores acinzetadas, nas fêmeas; possui pescoço um pouco alongado, com escamas e penachos, com poucas saliências que se alinham no dorso todo, porém menos notáveis por serem menores — emboras as escamas sejam retráteis, servindo de recurso para conquistar parceiros sexuais e intimidar rivais ou concorrentes de caças. A cabeça é semelhante a de um lagarto, porém com características aquilinas, ou seja, olhos acinzentados e em fendas verticais, penas no topo na cabeça, como se observa nos Roc, formando uma crista resistente, e o focinho com a estrutura de ave quanto ao formato, parecido com um bico cheio de dentes. As asas, que tendem a ter quase o tamanho da fera, quando envergadas, de uma ponta a outra, possuem semelhanças com as de um dragão, entretanto toda recoberta de escamas duras, que lembram escamas, com dois poderosos dedos que podem servir de apoio para se locomover ou escalar.
![]() |
Saphira possui poucas características que são vistas num dracogrifo. |
Um dracogrifo é um animal selvagem e indomável, sendo considerado um ato estúpido e suicida alguém tentar se aproximar de um indivíduo ou do grupo, seja por descuido ou por escolha.
![]() |
Por seu tamanho e força, os Roc sempre foram ameaças a marinheiros e viajantes. |
EXTRA: Dracogrifos são citados em A Guerra dos Criativos - Livro I: Recrutamento e Destruição.
"Quando chegamos ao ponto marcado, ouvi um
som gutural que ecoou por longos segundos entre as serras e colinas.
— O que foi isso? — perguntei, virando-me
para trás.
Na colina em que estava Marlus uma enorme
criatura negra estava surgindo. Primeiro surgiu parte da cabeça e do pescoço
alongado; a seguir vieram as garras colossais, que o ajudaram o corpanzil a
emergir. Segundos depois apareceram enormes asas reptilianas com algumas penas
largas e compridas.
— O que é aquilo?
Minha voz soou trêmula.
— Um dracogrifo
— respondeu Zarak, a voz preocupada.
Foi inevitável não pensar no Jaguadarte criado por Lewis Carroll ao enxergar um monstro tão
magnífico, sobretudo quando cuspiu uma imensa labareda avermelhada e me
encarou.
— Eu... eu... não posso...
— Claro que pode! — exclamou o monstrinho.
— Ele é... imenso... Isto é loucura!
O dracogrifo estava quase todo emerso,
salivando lava, atrás de seu criador macabro. Ele sozinho já seria suficiente
para vencer qualquer criatura minha; apenas ele acabaria com um exército que eu
viesse a criar!
— Vou desistir
— falei, fitando meu amigo.
— E decepcionar
a sua Capitã?!
Aquilo me fez hesitar.
Foi um erro.
A criatura híbrida voou baixinho sobre nós,
roçando a ponta afiada de sua cauda a quatro metros de mim.
— Ei! — reclamou meu Pajem.
Notei um sorriso perverso no rosto de meu
oponente.
— Crie
qualquer coisa, Alec! — gritou Zarak.
Pensei imediatamente num dragão vermelho,
com escamas salientes — e quase tão grande quanto o dracogrifo. No instante que
o fiz, para meu assombro, a criatura que eu imaginei surgiu em minha frente,
urrando.
A fera criada por Marlus deu outro voo
rasante e agarrou meu dragão recém-criado pelo pescoço, erguendo-o. Minha
criação berrou e bateu suas asas, tentando se livrar do inimigo, porém a
violência do ataque o fez virar pó vermelho.
— Vixe!
— exclamou o monstrinho.
A cena me apavorou ainda mais. Nunca antes
imaginei uma criação minha ser destruída.
Enquanto eu me comportava como um bobalhão,
o outro Comandante criava mais seres iguais ao primeiro, todos negros e
monstruosos. Só percebi aquilo por que meu Pajem me alertou.
— Você precisa
criar algo mais forte!
— Criar o quê?! Aquelas coisas são...
— Alec, o Criativo é você, oras!"
Marcadores: Bestiário, Criaturas, Curiosidades, Outras Obras do Fabulista, Pesquisa, Saga, Teaser
2 Comments:
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial
Subscribe to:
Postar comentários (Atom)

A obra "A Fábula Inacabada" de Alec Silva foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não Adaptada.
Com base na obra disponível em afabulaoficial.blogspot.com.
Permissões adicionais ao âmbito desta licença podem estar disponíveis em http://afabulaoficial.blogspot.com/.

Esta cena acabou de brincar com minha imaginação. Texto excelente!! Parabéns!!
Obrigado pelo comentário e boa inspiração!
=D